02 julho 2006

Copa do Mundo de um imigrante

Passar uma Copa do Mundo fora do Brasil é, certamente, uma experiência diferente. A primeira questão começa com a cobertura jornalística que se tem da seleção do país em que você está no momento (no meu caso, a de Portugal), e não da seleção brasileira. Tento acompanhar minuciosamente o que se passa com nossos jogadores pela internet para não somente me sentir em clima de Copa do Mundo, mas também para estar por dentro do que acontece com a nossa seleção: detalhes que nós, imigrantes, não temos no exterior com tanta acurácia.

A segunda questão é devido ao próprio clima de Copa do Mundo. Tanto em Portugal como na Inglaterra, não há ruas pintadas com as cores da seleção do país, bandeirinhas que cobrem bairros, nem muito menos as pessoas deixam de trabalhar durante aqueles 90 minutos para acompanhar os jogos de sua seleção. Portugal vai jogar às 16h em uma terça-feira? Paciência. Se não há ninguém na empresa que leve uma humilde TV para acompanhar os gols, os portugueses hão de ouvir o jogo por um radinho a pilha mesmo. Nada de fechar bancos, escolas ou todo e qualquer estabelecimento como as pessoas fazem no Brasil. O máximo que se vê são bandeiras penduradas nas janelas das casas ou do lado de fora nos carros. Mais nada.

Mas há uma situação curiosa nisso tudo: mesmo estando no exterior, brasileiro é sempre igual, e a festa que ele faz contagia todo mundo. Assisti ao primeiro jogo Brasil x Croácia em Lisboa. Surpresa foi a minha ao entrar no metrô e deparar-me com um vagão lotado de brasileiros vestidos de amarelo (e os que não estavam de amarelo, estavam de verde enrolados na bandeira!). O número de conterrâneos era tanto, que nunca tinha visto tanto brasileiro no exterior de uma só vez como vi aquele dia. O Parque das Nações, onde vimos o jogo, estava completamente lotado de brasileiros.

O jogo Brasil x Austrália eu já estava em Londres. A festa, animação e comemoração são a mesma, e meu marido, que é inglês, estava super entusiasmado pra ver o jogo num bar brasileiro. Vi filas enormes para entrar em locais onde os brazucas estariam reunidos. Porém, o mais engraçado na Inglaterra é ver os jornalistas e comentaristas tentarem justificar o porquê do Brasil não ganhar esta Copa do Mundo, e há vários motivos: desde o Cafu estar velho demais pra jogar futebol, até porque o Brasil não costuma ganhar Copas na Europa. A rivalidade contra o Brasil é, e sempre será, assim mesmo.

Quanto mais eu moro no exterior e viajo por esse mundo afora, mais me conveço de uma coisa: não há ninguém no mundo que nunca pensou um dia em ser brasileiro.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Concordo com todas as palavras escritas no seu post!! Aqui ainda eh pior. Acho q se nao fosse brasileira e nao gostasse de futebol, nem saberia q estariamos em epoca de copa.

Bjs... se cuida

7:05 PM  

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