01 agosto 2006

Unidos pelo samba

(Matéria originalmente publicada na revista Jungle Drums, Londres, fevereiro/2006)

Projeto une jovens do Rio e de Londres através da música e da dança

Mariana Cacau

Tudo começou há alguns anos quando representantes de duas escolas de samba do Rio de Janeiro resolveram vir para o Reino Unido. Com o passar do tempo, as coisas foram dando tão certo que inúmeros projetos ligados ao samba foram surgindo. Projetos diferentes, mas com apenas um objetivo: mostrar o lado positivo e cultural do samba, não somente para os brasileiros, mas também para os ingleses.

Assim, em 2002, surgiu o Samba Xchange (www.sambaxchange.org), um programa desenvolvido com a ajuda do Creative Partnership, no sul de Londres, que em parceria com a Paraíso School of Samba e o A2 Arts College formaram um grupo comunitário chamado “Samba Zona Sul”, que já vem se apresentando em diversos eventos locais, como no Carnaval de Notting Hill. As escolas de samba cariocas Mangueira e Estácio de Sá também estão engajadas no projeto. É assim, através dessas parcerias no Rio de Janeiro e em Londres, que o Samba Xchange tenta explorar e ensinar os impactos culturais da dança às crianças e jovens entre 12 e 18 anos.

O coordenador do projeto, Matt Lewis, é um inglês apaixonado pelo Brasil e que morou no país durante pouco mais de um ano. Ele explica que a principal intenção do Samba Xchange é a troca de idéias entre os jovens e fazer com que eles conheçam novas pessoas a fim de gerar algo positivo no futuro. “Na verdade, samba é apenas uma porta de entrada. O importante, além de aprender mais sobre a dança, é fazer com que eles descubram uma nova cultura e modos de vida diferentes das que eles têm em Londres”, conta Matt.

Para que essa aprendizagem aconteça na prática, o Samba Xchange planeja levar entre dez e 15 jovens para o Brasil até o final deste ano. A idéia é fazer com que eles participem de atividades culturais no país e ensaiem com escolas de samba do Rio de Janeiro. “Eles curtem o que fazem. Não sabem muito sobre o Brasil, mas de repente se vêem envolvidos com o samba: dançam, tocam, cantam e criam suas próprias fantasias alegóricas”, afirma Matt.

A troca de experiência e cultura deve acontecer também para as crianças brasileiras: elas virão para Londres aprender inglês, ficarão em casas de família e participarão de eventos, como o Thames Festival, em setembro. Tudo será muito bem monitorado pelos coordenadores do projeto. Entretanto, como eles ainda estão procurando patrocínio, a maior preocupação do pessoal do Samba Xchange é se eles terão condições financeiras suficientes para levar esses planos adiante.